Empresa Humanizada: resultados sem idealismo

 22 de abril de 2020
Postado por Wiabiliza

Empresa humanizada? No inicio pode parecer muito estranho ou idealista.

Como preâmbulo, Empresa humanizada não significa empresa-paternalista ou assistencialista, que fecha os olhos para erros e falhas. Ao contrário, uma empresa humanizada aprende constantemente (Peter Drucker já falava sobre Learning Organization). Um exemplo claro em nossa realidade é boa parte de nossas instituições públicas, que carecem de estratégias, orientação e gestão voltadas a resultados. Sem falar da falta de reconhecimento e remuneração por meritocracia. Isso também é ser uma empresa humanizada: empresa que foca, orienta e desenvolve os profissionais e estes, por sua vez, agregam valor em todos os sentidos às organizações.

Vamos lá; o texto abaixo, de um autor desconhecido, pode ser o inicio do posicionamento:

Ninguém é Substituível

Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores… Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: “Ninguém é insubstituível“!

A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.
Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça.
De repente, um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:
– Alguma pergunta?
– Tenho sim.
E Beethoven?
– Como? – encara o diretor confuso.
– O senhor disse que ninguém é insubstituível. E quem substituiu Beethoven?

Silêncio…

O funcionário fala, então:

– Ouvi essa história esses dias, contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso. Afinal, as empresas falam em descobrir talentos, mas no fundo, continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.

Então, pergunto: quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Paulo Autran? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Carlos Drummond de Andrade? Albert Einstein? Picasso? Salvador Dali? Mozart?

O rapaz fez uma pausa e continuou:

– Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem. E, portanto, mostraram que são sim, insubstituíveis.
Não estaria na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe, em focar no brilho de seus pontos fortes e não utilizar energia em reparar seus erros ou deficiências?
Nova pausa e prosseguiu:

– Acredito que ninguém se lembra e nem quer saber se BEETHOVEN era SURDO, se PICASSO era INSTÁVEL, CAYMMI PREGUIÇOSO, KENNEDY EGOCÊNTRICO, ELVIS PARANÓICO… O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos. Mas cabe aos líderes de uma organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços, em descobrir os PONTOS FORTES DE CADA MEMBRO. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.

Divagando o assunto, o rapaz continuava.
– Se um gerente ou coordenador ainda está focado em ‘melhorar as fraquezas’ de sua equipe, corre o risco de ser aquele tipo de técnico de futebol, que barraria o Garrincha por ter as pernas tortas, ou Albert Einstein por ter notas baixas na escola, ou Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria PERDIDO todos esses talentos.

Nunca me esqueço quando o Zacarias dos Trapalhões ‘foi pra outra morada’…

Dedé, ao iniciar o programa seguinte, entrou em cena e falou mais ou menos assim: “Estamos todos muito tristes com a ‘partida’ de nosso irmão Zacarias… e hoje, para substituí-lo, chamamos: .…NINGUÉM, pois nosso Zaca é insubstituível!
O silêncio foi total.

Conclusão:

Nunca esqueça: CADA UM DE NÓS É UM TALENTO ÚNICO!
Pergunte à sua esposa, seus filhos e amigos se o substituiriam.
Com toda certeza ninguém te SUBSTITUIRÁ!
(Autor Desconhecido).

Um depoimento tão sensível e corajoso nos leva a pensar que, para que uma Empresa tenha seus valores, sua missão e sua visão ligada ao seu propósito no mundo dos negócios, precisa sim ser mais humanizada e valorizá-los com atitudes sustentáveis e princípios que possam ser percebidos por seus colaboradores.

Por outro lado, os colaboradores devem percebê-los e comprometer-se em trazer o resultado, por se sentirem valorizados e parte deste resultado. Paixão? Idealismo? Pode ainda não ser uma realidade, mas com este mundo VUCA (O termo V.U.C.A. surgiu nos anos 90, dentro de um contexto militar e é uma sigla para descrever um ambiente, uma situação ou condições de volatilidade (Volatility), incerteza (Uncertainty), complexidade (Complexity) e ambiguidade (Ambiguity). Logo o termo foi adotado pelos administradores, pois traduz muito bem as condições do mundo dos negócios nos dias atuais e está influenciando muito a forma de gestão nas empresas em constante mudanças).

“A Empresa Humanizada deve se preocupar em gerar impacto, valor compartilhado e prosperidade para todas as partes interessadas do negócio”

A Empresa Humanizada deve se preocupar em gerar impacto, valor compartilhado e prosperidade para todas as partes interessadas do negócio – clientes, investidores, funcionários, parceiros, comunidades e sociedade. Devem agir de forma a garantir que todos os envolvidos as reconheçam, valorizem, confiem, admirem e sejam fiéis ao propósito em uma relação de colaboração e de troca.

Orgulho

E assim, seus colaboradores terão orgulho de pertencer, valorizando o que ganham e contribuindo de fato para que o Lucro aconteça e se mantenha: “eu me esforço, me dedico e sei que terei o apoio e a valorização pelo meu desempenho e serei o guardião de fazer bons negócios, sem esquecer a minha responsabilidade em fazer acontecer”.

Criar novas regras e olhar o colaborador não como empregado, e sim como parte única e com a importância devida, pois sem este a empresa seria apenas um numero na receita federal e, sem a empresa e seus investidores, a economia não seria produtiva.

Pensar sim como uma via de mão dupla, como moeda de troca e que em cada relação sempre haverá um processo de negociação, de respeito, de valorização e admiração.

Sim. Admirar uma marca, é poder ter eco no mercado e ser lembrada como a melhor empregadora, ou aquela que tem o melhor ambiente de trabalho, que o ambiente é disruptivo, que horário está ligado somente aos seus resultados, um processo seletivo onde selecionar fica evidenciado que, o que importa de fato é a sua competência e não a sua etnia, sua formação ou sua faixa etária.

Tenho um amigo que escreveu um livro: Você é o que você entrega! (Alberto Roitman).

Assim é a Empresa e para isso precisa fazer valer seus valores e sua missão fora do quadro pendurado nos corredores da empresa, com práticas que a fazem ser admirada. Com certeza estas tem colaboradores mais integrados e colaborativos, e isso refletirá positivamente na sua Marca e imagem como uma referência de valor compartilhado frente aos seus concorrentes e parceiros.

Empresa Humanizada tem um propósito claro e coerente

Desenvolver novas formas de gestão e estarem abertas de fato para olhar seus resultados sem esquecer-se de quem os produz: Seus colaboradores, parceiros, líderes, parceiros e concorrentes.

Concorrentes? Sim, e estes com o olhar de que não foram arrojados, e olham para o seu sucesso e se aproximam para saber o como foi que se destacaram no mercado competitivo e muitas vezes recessivo. Na verdade, precisamos aprender a olhar de outro jeito, construir os relacionamentos de forma colaborativa e entender que juntos seremos sempre maiores e melhores. E como quebrar este paradigma de que o poder da informação não pode ser compartilhado?

Aprender a desaprender é o que as empresas precisam praticar e incentivar seus colaboradores e líderes a serem mais humanizados.

“É ótimo ganhar dinheiro, mas se a nossa vida é apenas ganhar dinheiro, acho que, talvez, seja a maior pobreza que a gente pode ter”. Miguel Krigsner, fundador do Grupo Boticário.Empresas

humanizadas são Sementes que simbolizam o seu legado, ou o que querem plantar para que floresça no futuro.
Para isso é necessário mudar o mindset:

  • Perda para Abundância como uma Crença
  • Planejamento de curto prazo para Longo prazo
  • Prioridade /Valor para o acionista para Valor compartilhado
  • Foco só no Resultado financeiro para olhar para o Impacto gerado na sociedade e no meio ambiente
  • Relações de negócio do Ganha- Perde para todos podem Ganhar “GANHA-GANHA”

Não deixe o sucesso subir à cabeça e, neste ponto, vale ressaltar que uma coisa é ser gestor (gerar resultados numéricos), outra é ser líder (e inspirar e influenciar as pessoas). O ideal é um equilíbrio entre estes dois papéis e a noção clara de que os outros são essenciais para a entrega das metas.

Decisões extremas

Segue um exemplo onde a necessidade de buscar uma solução e a coragem de enfrentar as dificuldades e os medos puderam unir concorrentes na busca de uma solução.

No filme Decisões Extremas John Crowley (Bredan Fraser) é pai de dois filhos portadores de uma rara doença congênita que pode leva-los à morte. Ao lado do cientista Robert Stonehill (Harrison Ford), ele funda uma empresa de biotecnologia para encontrar um tratamento. Reflita sobre: A maneira que Crowley encontra para convencer os executivos do laboratório Zymagen a criar uma unidade administrativa para todos os núcleos de estudo da doença. Os quatro grupos que pesquisavam a doença para a empresa não conversavam entre si, o que atrasava os resultados. Então ele reúne todos os pesquisadores para um encontro e lhes apresenta seus filhos. A reunião cumpre sua função: força os executivos do laboratório a criar uma unidade administrativa para os grupos de estudo, unindo os rivais. EUA, 2010.

Transformação digital e a indústria 4.0 no mercado de trabalho estão em constante transformação, mas a mudança que se desenha com a 4ª Revolução Industrial é muito radical. O Instituto McKinsey prevê que, até 2030, metade das atividades de trabalho podem ser automatizadas no mundo.
Com estes dados podemos afirmar que atitudes humanizadas podem elevar a satisfação de seus colaboradores, que também precisam se preparar para estas mudanças.

Isso tudo forma o círculo virtuoso que tanto as empresas perseguem lucros sustentáveis com gente satisfeita e motivada, criando, crescendo e colaborando para que se sintam parte dos resultados e usufruam de forma eficaz dos mesmos.

Se você, empreendedor e empresário, quiser de fato contribuir e deixar a sua Marca como uma fonte e referencia deste processo de transformação, a hora é agora.

Temos que mudar o sentimento de culpa, ou de desdém para a responsabilidade em fazer acontecer e perguntar “o que pode ser feito agora”? Precisamos sim de maior união e troca para sair da inercia e da lamentação e ir atrás de vigor e resultados.

Inês Cristina Carboni
Psicóloga e Psicodramatista
Abril/2020