Opinião do funcionário pode ajudar no planejamento estratégico da empresa
Ações de engajamento e feedback costumam fazer a diferença na hora de traçar metas futuras. A participação dos colaboradores deve aumentar o comprometimento da equipe, diz especialista
São Paulo – Um dos maiores problemas que as empresas enfrentam atualmente é o distanciamento de seus funcionários e operários com a estratégia da companhia. Para especialistas, o final do ano pode ser o momento ideal para realizar ações que revertam o cenário.
Uma das práticas consiste em pedir o feedback aos funcionários para avaliar o desempenho e as políticas praticadas pela companhia. Para a coach de carreira Débora Monique, hoje em dia os profissionais não querem apenas uma remuneração financeira, mas também uma participação maior nas decisões estratégicas. “O bônus e a participação dos lucros são ações positivas”, afirma. Contudo, os profissionais não se sentem mais valorizados, necessariamente, diz.
De acordo com a pesquisa realizada pela SurveyMonkey, 40% dos brasileiros consultados afirmam que as empresas em que trabalham não solicitam suas opiniões antes de tomar uma decisão. Além disso, mais de 50% afirmam que suas empresas nunca ou raramente pedem feedback sobre as políticas praticadas.
Mas a especialista alerta que deve haver um comprometimento de parte da empresa. A opinião deve ser levada em consideração na hora de realizar o planejamento do ano seguinte. Caso contrário, a ação terá um impacto negativo no comprometimento do funcionário.
Planejamento anual
Além de incentivar o engajamento do profissional, a estratégia também permite que a companhia colete informações pessoais sobre o colaborador. “É importante descobrir o que o funcionário pensa e como irá direcionar a sua carreira”, explica a vice-presidente de estratégia de recursos humanos da Associação Paulista de RH Aapsa, Angela Castro.
Desta forma é possível alinhar as perspectivas do colaborador com os da empresa e incluir as ações necessárias para que isto seja realizado nas estratégias previstas para 2015.
De acordo com a especialista, a interligação da estratégia pode trazer benefícios para ambos. De um lado, o funcionário poderá planejar a sua carreira, o que garante sua permanência na empresa. E pelo outro lado, a companhia terá um profissional mais engajado com as metas. “É necessário que o funcionário se sinta responsável pelo processo”, diz.
Segundo a pesquisa, apenas 19% dos entrevistados afirmam que suas empresas proporcionam oportunidades de desenvolvimento de carreira. Para Angela, outra ação que as empresas podem realizar no final do ano é o investimento e planejamento em comunicação. Mesmo construindo em conjunto as metas para o próximo ano, é necessário que isso seja explicado para todos os funcionários. “Um e-mail geral não explica nada”, completa.
Cada setor e linha de produção participam de uma forma diferente nos resultados, portanto é importante que a explicação seja adequada a cada grupo envolvido. “O importante é que a explicação diga qual é a meta pretendida e como pode ser atingida”, analisa.
Participação
O diretor e consultor da Wiabiliza Soluções Empresariais, José Antonio Prudente, concorda. “A cultura corporativa ainda mantém o planejamento entre os gestores”, confirma. Para ele, a integração entre ambos pode ser muito eficaz. Entretanto, a ação não é pontual e exige ações contínuas a longo do ano.
É necessário que as companhias repensem seu balanço e política de participação de colaboradores anualmente. Mas, é crucial que incluam em seu planejamento campanhas motivacionais e que invistam em sistemas de relacionamento como uma intranet, diz.
Além disso, um sistema de remuneração claro para os colaboradores também pode ajudar. Se o funcionário entender que cada ação realizada terá uma consequência positiva em sua remuneração, ele poderá calcular o ganho de seu esforço e, consequentemente, sentir-se mais valorizado.
Ainda segundo ele, o modelo de ação é estratégico no período de instabilidade econômica. “Se 2015 for mais difícil, campanhas de comprometimento ajudarão a atingir as metas”, afirma Prudente.
Segundo ele, as metas setoriais podem ser úteis até nas pequenas atividades. Se os gastos precisarem diminuir 15%, o valor pode ser reduzido em ações de conscientização: “Um exemplo é o setor operacional, que pode reduzir os desperdícios, e o financeiro, que pode trabalhar no corte de gastos”, conclui.
Ação concreta
De acordo com o responsável pela operação brasileira da consultoria de pesquisa on-line SurveyMonkey, Rodolfo Ohl, o feedback do funcionário também pode ajudar na hora de identificar os problemas de liderança da empresa. Para ele, a maior parte dos funcionários que saem de uma companhia procura o desligamento do chefe, e não da empresa em si. “Dessa forma, pode-se evitar a perda de funcionários”, diz.
Ainda segundo a pesquisa da SurveyMonkey, 38% dos funcionários com idade entre 25 e 35 anos no Brasil cogitam a possibilidade de deixar os seus empregos atuais nos próximos seis meses. Isso ocorre porque 37% dos brasileiros consideram que suas empresas não têm atenção com eles. “O que mostra como realizar estratégias de engajamento é necessário”, conclui Ohl.