Isolamento Social: Análise de conjuntura Wiabiliza
Entrevista com Jorge Ruivo, Presidente da Wiabiliza
Isolamento social imposto pelo Coronavírus revela despreparo de lideranças
O isolamento social, imposto em escala global pelo COVID-19, tem revelado falhas até então administradas, mesmo que precariamente, pelas organizações: o despreparo de lideranças e a falta de processos nas estruturas de produção. Com as equipes desmembradas, a atuar de suas residências e longe de suas lideranças – fato nunca antes experimentado pelas empresas – as entregas estão muito mais sujeitas a retrabalho. Quem faz essa avaliação é o Presidente da Wiabiliza, Jorge Ruivo.
Para ele, que tem mais de quarenta anos de mercado empresarial, as lideranças não estavam preparadas para terem seus subordinados longe de seus campos de visão. Queda na qualidade e na produtividade, por conta da baixa autonomia os funcionários, serão alguns dos problemas que tendem a bater às portas das organizações em breve espaço de tempo.
Segundo Ruivo, as lideranças seguem apenas orientando, sem desenvolver as pessoas dentro de seus departamentos. “É preciso envolver o funcionário nos problemas cotidianos da empresa, chamando-os a raciocinarem com o líder. A qualidade e a produtividade aumentam muito quando a pessoa entende o que está fazendo”.
O setor administrativo das empresas são os que mais demandam análise e interpretação e, com o trabalho transferido para as casas dos funcionários, sem o vínculo diretos com suas chefias, o que se nota é um nível muito grande de insegurança, tanto de líderes, como de subordinados. O retrabalho será uma constante, uma vez que o líder não acompanhou de perto, mas apenas remotamente.
Na avaliação de Ruivo, é neste momento que as lideranças reconhecerão o quanto suas equipes estão despreparadas. “Daqui para frente, o que você, líder, fará? Permitirá que essa situação continue? Como vai lidar com esse problema? ”, indaga o Presidente da Wiabiliza.
Falha das lideranças
Quando o subordinado, longe da orientação de suas chefias, não produz com deveria e com a qualidade que deveria, aonde está a falha?
Segundo Ruivo, há duas falhas: a primeira se refere aos problemas de cognição, que impedem o funcionário de absorver e entender como proceder, pois há um longo processo entre aprender e pôr em prática o treinamento recebido. A segunda é que os treinamentos oferecidos à equipe devem ser constantes, e não pontuais.
O isolamento social imposto pelo coronavírus vem mostrando para algumas empresas que muitos de seus líderes cumprem apenas etapas burocráticas, mas não apresentam competência para lidar com pessoas. Sabem o que pedir, mas não sabem como pedir. Falta-lhes treinamento.
Mas além do treinamento dos líderes e subordinados, faltam também processos dentro das empresas. A implantação de processos claros e transparentes permitirão que os funcionários executem as tarefas com segurança, qualidade e agilidade de qualquer lugar. A crise do coronavírus tende a provocar mudanças nas estruturas das organizações, como a transferência de muitos processos para o home office, diz Jorge Ruivo. “Ao desenvolverem processos, as empresas capacitam seus funcionários para atuarem de casa, com qualidade e eficiência”.
Portanto, o momento de isolamento social permite uma ampla avaliação de processos e de competência das lideranças. Como está o seu time e o que é preciso mudar logo que o mundo voltar ao normal? Segundo Ruivo, é urgente que as empresas repensem a necessidade de treinamento, do desenvolvimento das pessoas, da capacitação das lideranças e dos processos de produção.