Chance de aumento salarial real em 2015 é pequena, diz pesquisa
Especialistas afirmam que, mesmo diante de um cenário ruim, estratégia para ganho maior ainda é produtividade
Felipe Gutierrez, de São Paulo
A maioria das empresas brasileiras deve dar aumento salarial neste ano, mas em apenas 8% dos casos esses ganhos devem superar a inflação – portanto, na prática, não deve haver ganho real de remuneração em 2015.
Esse é um dos resultados da pesquisa da Consultoria Grant Thornton, que colhe dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e em outros 35 países.
O país está entre os dez em que há menos chance de aumento real de salário, perto da Grécia (onde 6% das empresas devem conceder ganhos de remuneração).
Segundo Daniel Maranhão, sócio da consultoria no Brasil, o número pouco favorável deve piorar.
Mas ele aponta que alguns segmentos ainda estão indo bem, como o de jogos, o de saúde, e o de alimentos de menor valor, como legumes.
Outro setor que tem bons resultados é o de seguros, diz Renata Sabrini, da consultoria Plongê.
Ela afirma que conseguir um aumento real neste ano será mais difícil, mas que, para os empregados interessados em ganhar mais, a receita não é diferente de outros anos: fazer mais do que apenas o que os chefes esperam. “Quem quer uma remuneração diferenciada precisa exceder o que se espera e estar antenado”, diz.
Jorge Ruivo, presidente da consultoria Wiabiliza, afirma que um dos fatores que contribuem para a queda do rendimento dos profissionais de nível gerencial ou superior é que parte significativa da remuneração é variável, ou seja, é maior de acordo com o desempenho da empresa e do funcionário.
Ele diz que essa política deve ser mantida para amenizar as perdas do negócio. “Se o empresário conseguir diminuir o tamanho da queda do faturamento, ele já teve um resultado positivo. E a remuneração variável pode servir para salvar uma situação na qual o prejuízo seria maior”.
A pesquisa também perguntou se está nos planos das empresas contratar durante os próximos 12 meses, e a porcentagem nunca esteve tão baixa – chegou a 1%. Na Grécia, ela é de 16%.
A economista Lucia Garcia, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), diz que há pouco que as empresas possam fazer para reverter o cenário e atribui as condições ruins a “decisões políticas e econômicas m escala nacional e internacional”.
Garcia prevê que o quadro pouco favorável irá ser revertido no ano que vem.