Mesmo em crise, setor sucroenergético registra alta na remuneração
Por Letícia Arcoverde | De São Paulo
Mesmo com a crise enfrentada pelo setor sucroenergético desde 2008, os gestores da área registraram aumento na remuneração ao longo dos últimos cinco anos. Frente às dificuldades na operação e com a necessidade de reter profissionais-chave, o incremento se deu, principalmente, na remuneração variável e na reformulação de políticas de benefícios.
A análise é fruto de pesquisa da consultoria Wiabiliza com mais de 300 cargos do setor sucroenergético, de 130 usinas de nove Estados brasileiros. Das empresas pesquisadas, metade emprega de mil a dois mil funcionários.
O salário fixo de presidente registrou aumento de 47,9% entre 2011 e 2015, com crescimento real de 14,8% quando descontada a inflação do período. Já diretores tiveram incremento de 44,2%, com aumento real de 11,9%. No período, os cargos de gerência apresentaram o maior crescimento, 49,2%, ou 15,8% de aumento real.
Na opinião de José Antônio Prudente, diretor da Wiabiliza, a crise no setor exigiu que as empresas buscassem maneiras de valorizar os profissionais capazes de trazer resultados. “O crescimento aparece mesmo no período em que muitas empresas e unidades foram fechadas ou se fundiram para ganhar escala ou para sobreviver”, diz. Há hoje 79 usinas em recuperação judicial no Brasil. Só em 2015, 13 unidades entraram nessa situação, número recorde em relação aos anos anteriores.
O crescimento real da remuneração total – que inclui salário fixo, bônus e participação nos lucros – foi maior do que o incremento no salário nominal. Desde 2011, o valor cresceu 19,7% para presidentes, 21,9% para diretores e 23,6%, para gerentes.
Segundo Prudente, ao longo desse período as empresas melhoraram seus programas de remuneração por resultados e reforçaram planos de benefícios, como assistência médica e previdência privada, além de fortaleceram suas práticas de gestão de pessoas.
A previsão do consultor é que o ano de 2016 seja marcado pela continuação do processo de profissionalização das empresas, como estratégia para reduzir custos e otimizar processos. “Isso exigirá criatividade e capacidade para racionalizar processos, podendo resultar na estruturação de modelos de governança e gestão de riscos”.