A média salarial dos principais cargos nas usinas sucroenergéticas em 2016

 18 de janeiro de 2017
Postado por Wiabiliza

novaCana.com – 17 Jan 2017 11:01h

Por falta de resultados, remuneração variável do setor encolheu, mas a queda não foi para todos os cargos nas usinas. Além disso, trabalho indica uma tendência para 2017

Nos últimos tempos, os profissionais em cargos de liderança do setor sucroenergético sentiram seus salários aumentarem ano após ano. Em 2016, no entanto, esta sequência de crescimento chegou ao fim. Os CEOs e diretores de usinas viram o contracheque no fim do ano menor do que estão acostumados.

A análise é fruto de pesquisa realizada há dez anos pela consultoria especializada Wiabiliza, que levanta a evolução dos salários de cerca de 300 cargos do setor sucroenergético, de todas as áreas e níveis hierárquicos – do auxiliar à presidência.

A pesquisa em 2016 envolveu 139 usinas de 10 estados brasileiros. Com adesão voluntária das unidades participantes, as informações são fornecidas por representantes dos Recursos Humanos de cada empresa.
O resultado desse trabalho é um panorama das médias salariais e a evolução da remuneração nominal e total (que inclui participação de lucros e bônus), além de outros benefícios, que podem ser utilizados como parâmetro de mercado pelas empresas.

Passado e presente

A melhoria constante dos salários nos últimos anos, até 2015, foi reflexo de dois fatores principais: o avanço da profissionalização do setor e uma estratégia de, frente às dificuldades na operação, reter profissionais-chave.

Já em 2016 o salário nominal, que não incluiu bônus e participação nos resultados, ficaram relativamente estáveis. A queda significativa, especialmente quando se fala de CEOs, diretores e cargos especializados ou de liderança, ficou por conta dos salários totais, que engloba a remuneração a partir do resultado.

A consultoria especializada Wiabiliza estima que CEOs e diretores de usinas sucroenergéticas devem ter visto o contracheque no fim do ano com valores pela metade daquilo que estão acostumados, por não terem atingidos as metas estabelecidas para a temporada.

O bônus no final do ano ficou impactado pelo desenvolvimento do final da safra, que terminou antecipadamente para a maioria das usinas e impediu o alcance das metas de moagem. Além disso, segundo a Wiabiliza, a baixa produtividade agrícola, reflexo de canaviais envelhecidos, também impactou no salário.

CEOs e diretoria: pressão por resultado

A pressão por resultados tende a aumentar ainda mais na próxima temporada (2017/18) e, com isso, mais executivos devem ser trocados no setor. A conclusão é do presidente da Wiabiliza, Jorge Ruivo, que constantemente acompanha e auxilia usinas nessas contratações.

Em 2016, Ruivo já considera que houve uma troca de executivos bastante grande. “A maioria não conseguiu entregar os resultados esperados. Problemas climáticos, uma série de questões internas das usinas, canaviais antigos, você vai perdendo eficiência com isso”.

O presidente da consultoria acredita que isso faz com que a pressão aumente muito. “Muitos foram trocados e outros acabaram saindo para fazer apostas diferentes no mercado”, considera.

Para 2017, essas alterações devem continuar. “Além de mudanças de CEOs no mercado, executivos com um perfil mais financeiro são os profissionais mais requisitados. O pessoal que tem mais experiência nessa área tende a
substituir outros em cargos de diretoria administrativa-financeira”, assinala.
Ruivo destaca também que a disparidade de salários no setor é muito grande “Há contratos milionários [com executivos] e aqueles que nem batem a casa dos R$ 100 mil”.

Gerências

Outros cargos que sofreram pela falta de resultados nas usinas foram os de gerência. Já supervisores/coordenadores, encarregados e líderes, embora tenham visto aumento de 2015 para 2016, alcançaram mudanças “pouco expressivas”. “Supervisores e coordenadores respondem por resultados e construção de estratégias e, por isso, estão mais expostos e suscetíveis às mudanças estruturais nas empresas”, aponta Ruivo.

Encarregados e líderes viram o salário aumentar. Segundo a Wiabiliza, este é um contrassenso que evidencia a manutenção de políticas desconectadas dos resultados globais das empresas, que pagam níveis ligados diretamente as operações sobre produtividade, que não medem se isto foi suficiente para que a empresa alcançasse seus resultados maiores, sob risco de fazer um pagamento com prejuízo ao caixa.

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