A Cultura do Cancelamento chegou nas empresas: Como proceder?
Um fenômeno novo, comum entre os usuários das redes sociais desde o ano passado, alcançou também as empresas: a cultura do cancelamento. O que até então se tratava de desfazer amizades entre amigos virtuais ou bloquear perfis para que o cancelado não mais se manifestasse na página do ofendido, ganha outra dimensão no meio corporativo. Não sendo possível à empresa desfazer uma amizade com o empregado, algumas companhias têm optado pela demissão.
A Cultura do Cancelamento afeta celebridades e anônimos
Em seu início, a Cultura do Cancelamento começou afetando os digital influencers que adotavam discursos ou atitudes que não condiziam com os ideais ou expectativas dos internautas. Entretanto, recentemente pudemos acompanhar casos de “anônimos” que tiveram suas vidas pessoais e profissionais afetadas pela exposição de seus perfis online. É o caso do norte-americano Emmanuel Cafferty, que teve sua vida afetada por conta de um sinal que supostamente havia feito enquanto dirigia, tendo sido cancelado por internautas que atuam como acusadores, júri e juízes.
Há posturas e opiniões que impactam na imagem das Organizações
Para a Consultora de Desenvolvimento e Organizacional (DHO), Inês Carboni, orientar os empregados é a melhor forma de evitar postagens que comprometam a imagem das organizações e exija atitudes radicais, como demitir pessoas. Por um lado, as pessoas têm liberdade de se expressarem como quiserem nas redes sociais, por outro, há posturas e opiniões que impactam na imagem das organizações. Segundo Inês, as empresas devem sim se preocupar com suas reputações e com mensagens que envolvam seu nome, mesmo quando quem as publica são seus funcionários. “Não podem proibir, mas podem orientar sobre a melhor forma de utilizar uma rede social, são questões éticas de utilização para pessoas físicas”.
A adoção de protocolos é uma forma de orientar e evitar o Cancelamento
Outra medida sugerida pela consultora é que as empresas adotem práticas de orientação de como os funcionários devem se portar quando usam os crachás das empresas fora do ambiente de trabalho. Ao sair para o almoço, por que não guardá-lo para preservar sua vida profissional?
Quanto à orientação, um dos exemplos citados por Inês é a adoção de protocolos, como o kit de boas-vindas ou manuais, por meio dos quais a empresa pode, por exemplo, explicar que redes sociais são pessoais e que o nome da organização não deve ser envolvido nas postagens e nem estar associado a assuntos sensíveis. Há empresas que proíbem fotos e vídeos nos locais de trabalho. Por parte das empresas, é importante conversar com o trabalhador e entender o motivo da postagem, antes de qualquer decisão sobre sua continuidade na empresa.
Cultura do Cancelamento: bom senso é a regra
Para os funcionários, a consultora faz uma pergunta: qual seu intuito ao se expressar nas redes sociais, sabendo que condutas que se distanciem da cultura da empresa podem causar demissões? Por que se expor e para quem se expor? É importante considerar quais podem ser os impactos pessoais e profissionais acerca das opiniões que o indivíduo compartilha online. Se há necessidade ou vontade de se expressar, Inês diz que o empregado pode optar em restringir quem poderá saber o que ele pensa sobre determinado assunto, selecionando o público. “Bom senso é a regra nas redes sociais”, finaliza Inês.